A VERDADE DITA NA LATA

Para evitar problemas de saúde, o consumidor precisa ficar atento às apreensões e interdições de produtos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Todos os meses, ao menos uma dezena de medicamentos, aparelhos e insumos hospitalares, cosméticos e alimentos (bebida e comida) é alvo de recolhimento por parte da agência. As informações são publicadas no Diário Oficial da União (DOU) e na internet (portal.anvisa.gov.br). Somente nos dez primeiros dias de janeiro, ao menos 16 produtos, entre um xarope, cápsulas de remédio, cosméticos e chás, foram interditados – a venda é suspensa por três meses até readequação da empresa – ou suspensos definitivamente. A última lista foi publicada semana passada. Nesses casos, é preciso seguir alguns conselhos, divulgados pela própria Anvisa, para evitar contaminação, intoxicação e demais problemas de saúde surgidos com embalagens inadequadas, lotes vencidos e contaminação por microorganismos. Confira abaixo os problemas mais comuns e como evitá-los ou minimizá-los:
Vidros em conserva

O palmito em conserva é um produto
de alto risco se mal conservado



As conservas estão em primeiro lugar na lista dos alimentos apreendidos, a exemplo de vidros de azeitona e palmito. Em novembro de 2011, foi ordenada a apreensão de lotes de azeitona orgânica com amêndoas da marca Bio Gaudian, por suspeita de casos de botulismo (intoxicação alimentar que pode provocar paralisia muscular progressiva) na Europa, onde o produto é fabricado. Em julho do mesmo ano, foi feita a apreensão do “palmito real” da marca Bemar, por falsificação. O risco do consumo de alimentos falsificados ou mal armazenados se dá pela presença do bacilo Clostridium botulinum no alimento, que cresce em embalagens vedadas de maneira errada, na presença de oxigênio. O microorganismo morre na presença do calor, daí a necessidade de se ferver o vidro após a compra, com o palmito ainda dentro.
Medicamentos e cosméticos
O número de medicamentos e cosméticos falsificados tem aumentado. A semelhança entre original e “pirata” preocupa a Anvisa. Também circulam pelo mercado produtos com validade vencida ou diminuída. É o caso do medicamento Tofranil 25mg da Novartis, que apresenta validade de 48 meses, quando deveria ser de 24 meses. Também há muitos produtos sem registro na agência. É o caso de dez itens suspensos no início do ano, como todos os lotes do Milk Age sabonete íntimo Knut. Há outros que funcionam sem controle sanitário, como o Xarope Guará Extra, fabricado pela empresa Guará Extra Indústria e Comércio de Bebidas Naturais Ltda do Rio de Janeiro, proibido de ser comercializado no último dia 9. 

As informações da rotulagem são importantes
para o consumidor
Enlatado
O causador do botulismo também pode estar presente em latas de milho verde e outros legumes, por isso é importante não adquirir produtos que estejam com latas furadas, amassadas e estufadas. O contato com o ar pode facilitar o crescimento do bacilo. Em agosto de 2012, devido a suspeitas, foi feita a apreensão de um lote de milho verde em conserva da marca Quero. Embutidos como mortadela e presunto também exigem atenção. 
Mel
Pesquisas recentes feitas pela Anvisa em cem amostras de produtos vendidos em feiras livres, supermercados e por ambulantes mostraram que 7% estavam contaminadas pelo Clostridium botulinum. No mel, o bacilo não oferece perigo, a não ser para crianças abaixo de 1 ano, pois até essa idade a microbiose do intestino ainda não está formada e a criança não oferece resistência ao bacilo como os mais velhos.
Anote
• Leitura de rótulos e observação dos produtos são fundamentais para garantir a segurança alimentar. Confira algumas dicas especializadas.
• Observe o lote. Número impresso na parte de fora da caixa deve ser igual ao que vem impresso no frasco ou na cartela interna.
• Data de validade do produto deve estar visível. Não compre medicamentos vencidos.
• Confira se há número de registro na Anvisa, além do número de telefone do fabricante para tirar dúvidas e fazer reclamações.
• Exija lacre ou selo de segurança, inclusive para soros e xaropes.
• O produto deve estar bem apresentado. Não pode vir amassado, rasgado ou com rótulos que se soltam facilmente, nem com mensagens borradas ou apagadas.
• A conservação deve estar dentro dos padrões, a uma temperatura adequada, longe da exposição solar, da umidade e do calor excessivo.
• Produtos muito baratos ou em liquidação exigem atenção.
• Se já utilizou o medicamento do mesmo fabricante, observe se as características são semelhantes, como cor, aspecto, gosto e cheiro.
• Exija sempre a nota fiscal do produto.
Fonte: Cleni Veroneze, farmacêutica do setor de aquisição de medicamentos do Hospital de Clínicas da UFPR; Anvisa – O que devemos saber sobre medicamentos/ 2010 (disponível em portal.anvisa.gov.br).



Latas amassadas e embalagens rompidas
devem ser evitadas



Saiba se um produto alimentício é seguro
• As latas não podem estar amassadas, rachadas, furadas, com o conteúdo vazando ou estufadas.
• O líquido dos vidros de conserva precisa estar transparente. Se estiver turvo, não compre.
• Produto deve conter número do lote, de registro na Anvisa, telefone do SAC da empresa e data de validade visível.
• Se a embalagem for transparente, observe se há insetos ou se o conteúdo apresenta sinais de fermentação ou bolor.
• O rótulo deve conter informações nutricionais detalhadas. Não se baseie apenas nas informações básicas. O produto pode conter a palavra diet na frente da embalagem, mas isso não quer dizer que é livre de açúcar. Diet significa, às vezes, ser livre de gordura ou de sódio, e não de açúcar.
• Fique atento ao cheiro e à cor do produto antes de consumi-lo. Sempre que possível, tire-o da embalagem e a verifique por dentro antes do consumo. Não adicione o produto na comida antes de checá-lo.
Fonte: Francielle Salvatti, nutricionista, especialista em controle de qualidade na indústria de alimentos e bebidas e professora do curso de Pós Graduação em Segurança de Alimentos no Senai-PR (Cascavel); Anvisa (Manual de Boas Práticas em Alimentação – 2008)
Matéria veiculada na Gazeta do Povo de 14 de janeiro de 2013 – www.gazetadopovo.com.br
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