O DESPERDÍCIO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
A construção civil é responsável por grande desperdício |
Uma das leis mais badaladas e conhecidas no Brasil hoje, é a Lei 8.078, conhecida como Código Brasileiro de Defesa do Consumidor que, na totalidade de seus artigos, tenta os primeiros benefícios entre fabricantes, fornecedores, comerciantes e publicitários. Trata-se de um código de ampla interpretação jurídica, que atua sempre em favor do cliente ou consumidor e, introduz punições bem mais severas que suas similares Norte Americanas ou Européias.
Porém a Lei 8.078 não conseguiu eliminar o desperdício na construção civil, uma vez que falar de desperdício na construção civil sem falarmos no fator cultura, é impossível.
O desperdício, de modo geral, está intensamente, impregnado na cultura de todos os brasileiros e, pode-se identificar tal fato com facilidade quando observar o despropositado volume de lixo que é recolhido todos os dias em nossas cidades. E assim também acontece em nossa legislação civil, onde a contribuição de um conjunto de fatores adversos agrava ainda mais o problema com absurda cifra de 30% a 35% de desperdício.
A cada metro construído se gasta 1,3 metros quadrados |
Isto significa que para cada metro quadrado de área construída estaremos gastando 1,3 metros quadrados, ou ainda, para cada três unidades residenciais, comerciais ou industriais, estaremos jogando fora a quarta. Se considerarmos que o nosso déficit habitacional gira em torno de 10 milhões de moradias, precisamos de recursos equivalentes a 13 milhões de unidades para atendê-lo.
Porém, como não temos recursos suficientes para atender nem a demanda anual de hoje, vamos ficar com um débito ainda maior.
Este desperdício é um vício de muitos anos, devido à falta de concorrência em qualidade, de contratos a preço de custo nem sempre bem realizados, falta de controle na compra, na entrega e na execução e até mesmo, nas quantidades de materiais.
A Lei 8.078 (Código do Consumidor), a Lei 7.347 (Agressão ao meio ambiente) e a Lei 8.137 (Crimes contra as relações de consumo), fizeram com que houvesse um maior controle de qualidade na construção civil e a busca da diminuição das perdas por desperdício com aplicação de técnicas de Deming, Ishikawa, Juran, Crosby, etc.
Os nossos construtores perceberam a importância, a extensão, a complexidade, o conteúdo polêmico e, sobretudo empolgante, do aperfeiçoamento do processo de construção das mais variadas obras.
Estão agora a todo momento pensando nos 5M’das qualidade, ou seja:
– Mão de obra;
– Metodologia,
– Máquinas;
– Material;
– Meio ambiente.
a)Mão de Obra – Enquanto não entendermos que é nossa obrigação dar à mão de obra da construção civil condições mínimas de higiene, segurança, alimentação e salubridade para podermos exigir produtividade, estaremos rodando em círculos, sem sair do lugar, e convivendo com o desperdício. É preciso pois, assumirmos a responsabilidade social, econômica e cristã de que é da responsabilidade da indústria preparar, treinar, alimentar e tornar saudáveis os colaboradores que trabalham nas obras.
O uso de normas internacionais pode reduzir o desperdício |
b)Metodologia – Merece uma abordagem ampla, com a criteriosa análise de cada etapa, o ciclo da construção civil, na qual se tem o empreendedor, os projetos, o planejamento, o canteiro de obras, o fabricante de materiais, a execução das obras, o controle tecnológico, o controle de qualidade, o usuário final e finalmente a manutenção do empreendimento.É necessário introduzirmos o uso de normas e técnicas nacionais na aquisição e no emprego de materiais, na contratação de serviços e na construção em geral. Deve-se forçar cada vez mais o uso de normas do Mercado Comum Europeu que uniram as normas internacionais (ISO) com as alemãs (DIN), as francesas (AFNOR), inglesas (BS) e até mesmo as americanas (ASTM). Normas regionais já não podem ser adotadas.
c)Máquinas – Por quanto tempo ainda no Brasil continuaremos usando o serrote manual, não afiado, movido a energia muscular, consumindo como combustível o feijão tão caro e de baixo rendimento, enquanto pequenas serras elétricas custam poucos meses de salário de um carpinteiro e produzem 20 vezes mais? Será que continuaremos a assentar tijolos fazendo 25 movimentos por pega, quando há um século Taylor e Fayol já nos ensinaram que é possível fazê-lo com cinco movimentos? Será que a caixa de argamassa não poderia estar à altura de 0,80 m ergonomicamente colocada? A máquina humana deve, sem dúvida nenhuma, ser utilizada de maneira mais inteligente.
d)Material – A aquisição de material de construção deve ser precedida por tomada de preço, estando o mesmo de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. Da mesma maneira, o pedido de compra e a recepção na obra devem ser fiscalizados ou, o engenheiro civil vai sobreviver comprando aço desbitolado, perdendo até mesmo % em excesso de peso por metro? Será que uma escala métrica e uma balança não devem estar disponíveis em todas as obras? Enquanto o mais barato for confundido com o mais econômico, estaremos andando no caminho errado dentro da busca da maior eficiência e eficácia na construção civil.
O descarte irregular de entulhos também prejudica o meio ambiente |
e)Meio Ambiente – Como salienta com muita propriedade o engenheiro Luiz Alfredo Falcão Bauer, presidente da F. A Falcão Bauer, é necessário dizermos claramente que, o lixo das cidades não pode constituir-se como resultante do lixo de suas obras. Melhor dizendo, desperdício que cria junto com lixo orgânico, esconderijo, alimentação, ambiente propício para a criação de roedores, de insetos e de agentes transmissores de doenças infectocontagiosas.
Não deveria isto ser assumido conscientemente pelos construtores?
Já existem promotores e juízes questionando se o desperdício de 30% do material comprado para uma construção não pode ser interpretado como um processo para encarecer obras e gerar maior ganho pelo construtor, quando o trabalho é por preço de custo ou, até mesmo, por volume de material consumido?
Fonte: Revista TecHoje – Fábio José Alves – Eng° Civil
QUEM É O TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES?
O Técnico em Edificações, sob supervisão de engenheiros ou arquitetos é o profissional responsável pela condução da execução técnica de trabalhos de edificação, prestando assistência no estudo e desenvolvimento de projetos, pesquisas e instalações, orientando e coordenando serviços de instalação, manutenção e restauração, fornecendo assistência técnica na compra, venda e utilização de produtos especializados. É capaz de desenvolver estudos preliminares de projetos de edificações, desenhar e interpretar projetos civis, aplicando as normas técnicas e regulamentos de construção e de instalações vigentes, instalar e gerenciar canteiros de obras, elaborar e desenvolver projetos dentro dos limites estabelecidos pelos conselhos regionais e organizar o processo de licenciamento de obras.
A UNIPACS é parceira do PRONATEC e oferece Bolsas nos Cursos Técnicos nas unidades de Esteio e Taquara.
Peça mais informações pelos telefones (51) 3473-0178 para Esteio e (51) 3541-2441 para Taquara.
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!