PARALISIA DE BELL
— Na maioria dos casos, a paralisia não tem causa específica para se estabelecer de primeiro momento. A pessoa começa com dor ao redor da orelha, depois sente fraqueza na musculatura facial, não consegue mexer a boca nem fechar os olhos. Posteriormente, todo o movimento da mandíbula fica comprometido, fica difícil movimentar a sobrancelha, assoviar, beijar. Isso acontece de forma progressiva pouco antes da paralisia. O mais característico é a dificuldade de fechar o olho, deixando a córnea exposta.
O nervo facial percorre os ossos da região temporal e se distribui. É um nervo incialmente motor, mas também ajuda na produção da lágrima, no controle da saliva e das papilas gustativas. E não tem relação com AVC, esclarece o neurologista.
— A paralisia de Bell acomete apenas esse nervo facial e não tem nada a ver com AVC porque é localizado abaixo do encéfalo. Nestes casos, não há comprometimento do encéfalo nem do tronco cerebral. [No primeiro momento], o que diferencia as duas é a localização. A paralisia cerebral não acomete o andar superior da face — olhos e testa. Só prejudica a boca e a musculatura abaixo da boca.
De acordo com Chieia, a incidência é de 20 a 30 casos entre 100 mil, o que não é tão raro assim. Com um simples exame neurológico e uma inspeção já é possível fazer o diagnóstico.
— É importante é saber a história da pessoa, fazer exames laboratoriais e pesquisar com tomografia, ressonância e exames mais aprimorados para saber possíveis causas. Em 20% dos casos, a causa é viral. O vírus herpes-zóster, que provoca catapora, por exemplo, pode afetar o nervo quando a imunidade está mais baixa.
A doença também pode estar ligada a outras enfermidades, explica o neurologista.
— É bastante raro, mas a paralisia pode acontecer nos dois lados do rosto. Nestes casos, o tratamento é mais complexo porque a causa pode estar ligada à uma variante da síndrome de Guillain-Barré, ou mesmo leucemia, doenças reumatológicas, sarcoidose [doença autoimune] etc.
O uso de medicamentos imunossupressores e o consumo de drogas, assim como outras condições que abaixam a imunidade também pode ser gatilho para a doença. Chieia esclarece que a paralisia atinge as pessoas mais predispostas.
— Mulheres na fase dos 20 aos 50 anos, que têm mais chances de desenvolver doenças neurológicas, mulheres na fase pós-gestacional, pessoas com doenças reumatológicas ou diabetes, pacientes que fazem quimioterapia etc. Ou seja, pessoas mais suscetíveis às infecções.
O que é bastante disseminado entre a população é relacionar estresse ou até mesmo choque térmico com a paralisia. Porém, o especialista esclarece que nenhum estudo científico comprovou que esses fatores provocam a doença.
— A paralisia está relacionada à baixa imunidade e ao desequilíbrio neurológico, mas não está estabelecida relação com o estresse. O que se sabe é que o estresse também contribui para a perda de controle da imunidade, assim como outras causas. Também não existe estudo específico que comprove que choque térmico provoque paralisia. O que a gente fala é da queda do equilíbrio imunológico e da perda da barreira protetora importante do nervo, o que facilita o aparecimento de qualquer virose, como uma simples gripe, por exemplo.
Fonte: Correio do Povo – Edição 01.02.17
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