EFEITOS DA RADIAÇÃO NO CORPO HUMANO

O acidente nuclear que aconteceu na planta de Fukushima, no Japão, em consequência do terremoto seguido de tsunami ocorrido no dia 11 de março de 2011 no país reacendeu a discussão sobre a radiação e os seus efeitos no organismo humano.

Segundo o físico responsável pela supervisão de proteção da Unidade de Radiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Telpo Martins Dias, a quantidade de radiação absorvida pelo corpo é medida em Sieverts (Sv).

— Existe uma radiação presente na atmosfera, aqui na nossa cidade, em qualquer lugar, chamada “background”. Ela é originada pelo espaço cósmico e por materiais específicos como o concreto ou os liberados por mineradoras e outros tipos de indústrias. Contando com essa quantidade, que obviamente está em níveis seguros, supõe-se que em um ano uma pessoa absorva uma média de 0,001 Sv — explica o físico.


Prof. Edulfo Eduardo Diaz Rios

Além dos efeitos da radiação no organismo variarem de acordo com este nível de absorção, eles também estão relacionados ao tipo de radiação ao qual se está exposto, como explica o professor do Departamento de Biofísica da UFRGS Edulfo Eduardo Diaz Rios:

— A radiação é energia em diferentes formas, então, há alguns tipos distintos de radiação. Ela pode, por exemplo, ser beta, raio-x, gama ou alfa e por possuírem propriedades diferentes, elas também agem de forma diferente no nosso organismo. A alfa tem pouco alcance, porém, se próxima à fonte, através da aspiração ou de algum ferimento, é possível ser contaminado. Já a beta pode penetrar um pouco mais, enquanto que a gama e raio-x são capazes de atravessar o nosso corpo.

Ainda conforme Rios, a contaminação pela radiação pode acontecer de várias formas, como a inalação, a ingestão ou a penetração através da pele ou de algum ferimento específico. No Japão, foi constatado que, em função do vapor contendo radiação e átomos radioativos que foi emitido da planta nuclear,  alimentos estão com traços radioativos.

— Isto acontece por causa do vento, da chuva, que levam esta radiação e ela cai na terra, contaminando o solo onde verduras e frutas são produzidos, assim como o pasto que os animais comem. Depois, comemos estes alimentos, bebemos o leite da vaca e ainda comemos a carne do gado, tudo que está contaminado. Então, ingerimos esse material radioativo e ele fica no nosso organismo — esclarece o professor.

Rios afirma que esta radiação pode se alojar nas estruturas do corpo e ficar irradiando a nossa medula, por exemplo:

— Isto poderia causar leucemia, já que existe uma correlação entre o surgimento de câncer e a exposição à radiação. Porém, há esta relação, mas não é uma demonstração de que obrigatoriamente a pessoa que estiver exposta ou contaminada vai desenvolver câncer.

No entanto, é comprovado que a radiação provoca alteração no núcleo das células do corpo humano, provocando efeitos diversos e até a morte, de acordo com os diferentes níveis de absorção do organismo. Confira:

De 1 Sv a 2 Sv
A pessoa apresenta enfraquecimento, náuseas e vômitos.

De 2 Sv a 6 Sv
Ocorre depressão da função medular, ou seja, os glóbulos vermelhos e brancos são destruídos pelas partículas radioativas.

De 6 Sv a 7 Sv
Neste nível, a radiação atinge o sistema gastrointestinal, provando diarreia, vômitos e até hemorragias.

De 7 Sv a 10 Sv
A partir daí a radiação causa insuficiência respiratória aguda e pessoa apresenta grande dificuldade para respirar.

Acima de 10 Sv
Nesta quantidade, a radiação leva a pessoa ao coma e até a morte através da destruição das células do sistema nervoso central.

O uso da radiação na Medicina

A radiação é utilizada na Medicina para diagnósticos e tratamentos. Em um exame de Raio-x, por exemplo, uma pessoa se expõe a uma radiação de cerca de 0,002 Sv.

Já na radioterapia, a quantidade é muito maior, chegando a 2 Sv em uma sessão e a 40 Sv no tratamento completo, segundo Telpo Martins Dias. Por envolver um alto nível de radioatividade, normas da Vigilância Sanitária e da Comissão Nacional de Energia Nuclear exigem proteção especial nos locais de aplicação dessas terapias. No Hospital de Clínicas de Porto Alegre, as salas de radioterapia possuem paredes de mais de dois metros de espessura, por exemplo.

Os profissionais que trabalham com medicina nuclear ou radiologia estão expostos, portanto, a uma quantidade maior de radiação e, por isso, são monitorados regularmente.  

Fonte: www.clicrbs.com.br acesso em 24 de março 2011

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