RADIAÇÕES E O CÂNCER DE PELE
Estudo publicado esta segunda-feira na edição de abril da revista Mayo Clinic Proceedings aponta um preocupante avanço na taxa de incidência de câncer de pele em adultos com menos de 40 anos. A maior parte dos melanomas – forma mais grave da doença – foi registrada em mulheres, que costumam expor-se mais do que os homens à luz solar e a usar câmaras de bronzeamento artificial, fatores de risco para a enfermidade. Em 2009, o número de mulheres com este tipo de lesão maligna foi oito vezes maior do que em 1970. Os casos em homens quadruplicaram.
Os perigos do bronzeamento artificial ficaram em evidência em junho do ano passado, quando a britânica Donna Belley, 39 anos, morreu depois depois que 19 tumores tomaram conta de seu corpo. Ele começou a usar os aparelhos aos 16 anos e chegou a se submeter a duas sessões por semana. Pouco antes de falecer, declarou que jamais teria chegado perto de um dos aparelhos se soubesse das possíveis consequências.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu o uso dos equipamentos no país em 2009. No entanto, apesar das muitas advertências de médicos e autoridades de saúde, a busca pela “cor perfeita” fez com que muitas decidissem recorrer a clinicas clandestinas ou a viagens ao exterior para que pudessem fazer o procedimento.
“São grandes emissores de radiação ultravioleta A e B, que, além do câncer, podem causar o envelhecimento precoce da pele e facilitar o desencadeamento de crises em pessoas que têm herpes e lúpus eritematoso”, esclarece a diretora do Instituto de Dermatologia e Estética do Rio de Janeiro, Luna Azulay Abulafia, que também é médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Hospital Clementino Braga Filho |
Abulafia alerta ainda para a falsa sensação de segurança conferida pelos protetores solares. Segundo a especialista, muitos ainda acreditam que, por estarem usando o produto, podem permanecer na praia por tempo indeterminado sem correr qualquer risco. “Ficam um longo período sob sol intenso sem reaplicar o filtro, como deveria ser feito. Além disso, é preciso conscientizar a população da importância de usar vestimentas adequadas e de evitar evitar o horário entre 9h30 e 16h00”, analisa.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pele é o tipo mais comum da doença no Brasil, correspondendo a 25% dos diagnósticos. Estima-se que cerca de 134 mil brasileiros descobrirão a enfermidade em 2012. Destes, 6.230 terão melanoma. Seus sinais são feridas cuja cicatrização demore mais de quatro semanas, variação na cor de pintas preexistentes e manchas que coçam, descamam, ardem ou sangram.
O tratamento mais indicado é a cirurgia, que pode ainda ser combinada com radioterapia e quimioterapia, de acordo com o estágio do tumor. O melanoma, no entanto, é incurável na maioria dos casos em que se espalha para outros órgãos. Nestes casos, a terapia objetiva aliviar os sintomas para propiciar melhor qualidade de vida aos pacientes.
A prevenção, basicamente, consiste em evitar a exposição prolongada e sem proteção ao sol ou a outra fonte de raios ultravioletas, principalmente na infância e na adolescência. Pessoas com pele e olhos claros, com cabelos ruivos ou loiros e as que possuem histórico da doença na família devem ter atenção redobrada.
As radiações são formas de energia que podem trazer vários prejuízos também à saúde dos trabalhadores, principalmente aqueles envolvidos em atividades de exposição aos raios solares, onde há presença de raios infravermelhos e ultravioletas. O uso de bloqueador solar para estes trabalhadores já é conhecido como medida de proteção e está incluído na lista de Equipamentos de Proteção Individual da Norma Regulamentadora número 6. Por isso, empresas que executam atividades em céu aberto tem a obrigação de proteger seus trabalhadores e proporcionar todo o conforto necessário aos mesmos.
Fontes: Jornal do Brasil (ed. 03.04.2012) e Manual de Segurança e Medicina do Trabalho – Editora Atlas (69.a edição)
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